21/10/2019

Entre djs e esportes americanos: a sina dos cassinos em Las Vegas

Las Vegas se reinventou numa cidade que oferece outras coisas além dos cassinos. Venha conferir como esse novo projeto deu certo!

Os cassinos em Las Vegas se encontram uma situação, no mínimo, curiosa. Antes fonte de entretenimento único e indiscutível, atualmente os cassinos em Las Vegas disputam a atenção dos turistas. Na briga por essa hegemonia, corre por fora os cassinos online que a cada dia crescem em quantidade de jogadores.

Os grandes djs e os esportes americanos profissionais competem com os cassinos tradicionais por esta posição de destaque. Segundo a reportagem de Mónica Montero, no jornal El País, um novo som está tomando conta da cidade. Para além das máquinas caça-níquel e dos jingles que soam diuturnamente, a ausência de pessoas amplifica o silêncio orgânico.

Depois da grande crise imobiliária de 2008, a cidade de Las Vegas começou a sentir os problemas econômicos cada vez maiores. Não apenas no ramo da compra e venda de imóveis, mas também no movimento dos cassinos a crise foi sentida.

Uma saída seriam as sucursais desses cassinos espalhados pelo mundo. A China é um desses países, inclusive de onde sai grande quantia de dinheiro diretamente aos cassinos. Entretanto, a fim de evitar a evasão de dinheiro advindo de corrupção, o governo chinês endureceu as leis em 2012. Essa decisão afetou ainda mais a receita dos cassinos.

A cidade estava, pois, metida dentro de um labirinto que parecia cerrar a cada ano as possibilidades de escapatória. No entanto, uma vez mais, Las Vegas arrumou um jeito de contornar a situação.

A SAÍDA ENCONTRADA

Por volta do ano de 2011, um novo estilo de atividade cultural tomou conta de todo os Estados Unidos. A chamada E.D.M (Eletronic Dance Music) foi uma avalanche que absorveu uma enorme quantidade de jovens e adolescentes à época. Os hotéis da cidade, percebendo o nascimento desse novo mercado, começaram a investir na proposta.

Para os jovens nascidos entre as décadas de 1890 e finais de 1990 (millennials, portanto) os cassinos não eram atividades atraentes. Visto como entretenimento de pessoas idosas e aposentados, os hotéis necessitavam de outras maneiras para cativar esse público.

Conta Montero que os grandes hotéis da rua mais famosa da cidade, a Strip, esforçaram-se para construir grandes e luxuosas casas noturnas. Um exemplo trazido pela reportagem é a da discoteca Hakkasan, empreendimento que custou por volta dos 100 milhões de dólares.

Como estratégia, a casa noturna ofereceu contratos a longo prazo aos melhores djs do mundo. Em contrapartida eles manteriam a movimentação da cidade sempre em alta com seus shows. A longa tradição em apostas deu certo e a cidade passou a ser disputada também pelos djs.

OS NÚMEROS

A Las Vegas que ocupava a cabeça dos jovens da época, velha e abandonada, conseguira repaginar sua estética. Nos mais de 6 quilômetros de extensão, a Strip, concentra os 10 maiores djs do mundo. Com contratos milionários, artistas como o dj Tiësto e Marshmello assinaram por valores acima dos 30 milhões de dólares anuais.

É dessa cultura nascida em Las Vegas nesses anos que se popularizou uma festa que se tornou depois mundialmente conhecida. É a chamada Pool Party que consiste em reuniões em volta de uma piscina durante o dia. Nessas festas quem controla a música é justamente o dj.

Os números são ainda mais impressionantes. Segundo um antigo funcionário de uns dos cassinos mais famosos do mundo, o MGM Resort, o lucro gerado foi de 44 milhões de dólares. Esses valores em apenas 20 semanas, em 2016. É a cidade do ócio que encontrou sua salvação.

Antes uma aposta, hoje em dia as festas organizadas por um cassino em Las Vegas são fundamentais para suas receitas. Isto porque os ingressos que advém apenas dos jogos equivalem a 34% do total. O resto, devido ao investimento nessas novas fases do entretenimento, são conseguidos pelas ocupações das habitações, restaurantes, etc.

OS PRÓXIMOS PASSOS

Os caminhos que a cidade toma são cada vez mais apontando para diversificar o entretenimento. No caso dos esportes americanos, não é diferente. A equipe de hóquei recém lançada já chegou a uma final de campeonato. Quanto ao futebol americano, o time de Oakland Raiders já se mudou para a cidade. A construção do novo estádio está cotada para encerrar em 2020 e custará a bagatela de quase 2 bilhões de dólares. A NBA, liga de basquete, também já têm incorporada uma etapa do seu calendário da cidade (a Summer League) para jovens atletas. O beisebol também é um sonho. Enfim, pelo que parece nada parará a ânsia da cidade por ser reconhecida mundialmente por seus cassinos, mas não somente por eles.

Entre djs e esportes americanos: a sina dos cassinos em Las Vegas